quarta-feira, outubro 28, 2009

Não somente nas páginas dos manuais de filosofia e nos livros clássicos pode-se encontrar o conhecimento. Nas singelas conversas com os transeuntes, dos mais sórdidos e simples aos mais “requintados”, por vezes encontra-se o módico, mas profundo conhecimento que a vida leciona de forma tênue, mas com profundidade e extrema compatibilidade com a realidade. A vida trata de ensinar com o tempo as lições que nós buscamos nos livros. Afinal, as elaborações teóricas são frutos da observação da realidade prática unida com a divagação.

Outra forma tão importante quanto à observação da realidade, para o crescimento humano, é a música. Essa forma sensacional e profunda que ecoa no do fundo de nossas almas e chega como uma síntese do amalgama de sentimentos que envolvem as nossas personalidades são uma das mais belas e sensacionais formas de atuação do ser humano.

Depois dessas considerações iniciais, chego ao ponto que objetivo. A análise de uma música que, na minha simples ótica, demonstra o sentimento de tantas e tantas pessoas diante do ritmo frenético e sem sentido da modernidade. Tal música é “Minha Alma” que a banda O Rappa canta, de composição de Marcelo Yuka. Segue o link da música para os comentários adiante:



Uma leitura atenta da letra da música revela um sentimento que a cada dia envolve o ser humano moderno, combinando fragilidade e desespero. O ritmo frenético da modernidade, o processo de individualização e distanciamento do seres humanos, a falta de fatores unificantes levam o ser humano a se questionar sobre a sua própria existência.

O pseudo sentimento de estabilidade, sossego e tranqüilidade, que é passado em razão das grades que nos protegem das mazelas que negamos, na verdade nos excluem da própria vida. Deixam-nos à mercê da realidade e da vida. Passamos a ser meros expectadores de um circo em que optamos, ou talvez compelidos e atuamos como desconhecidos uns com os outros e sem grandes fatores que nos façam sentir realmente vivos, com sangue passando pelas nossas veias.

Os domingos recheados de entretenimento vagabundo tratam de afundar cada vez mais o ser humano na situação pusilânime que se encontra. Somos instigados a comprar coisas que não precisamos e tantas outras ferramentas funcionam como uma grande anestesia cerebral para a estabilidade da situação de uma minoria que lucra com a decadência de muitos.

A constante procura por novas drogas, de todos os tipos e gostos, é uma tentativa talvez inconsciente de negar a própria realidade, o processo de emancipação espiritual e social é de tão maneira árduo que preferimos acreditar que a situação está bem da forma posta do que lutar por uma efetiva modificação da situação.

Até quando vamos aceitar a realidade medíocre não somente nossa, mas de tantos outros que vivem numa situação por vezes pior, bem pior, vendo o futebol e esperando o Faustão, tomando uma cervejinha? Até que ponto o medo e a indiferença vão tomar conta de nossas mentes e comportamento?

III Curso de Oratória

"Em nossa sociedade atual a verdade não é mais uma questão de autoridade, mas de convencimento." Romenik Queiroz

Primeiro encontro do Curso de Oratória contou com diversos alunos de Fortaleza:

Queremos comunicar a todos que o I Encontro do Curso de Oratória (Comunicação Integrada) foi realizado no dia 24 de outubro e foi uma grande contribuição para os que estavam presentes. No momento, chegamos a um consenso e adiamos o II encontro para o dia 7 de novembro (Sábado) para formarmos uma nova turma para o dia 31 (sábado/outubro) e assim, o término do curso acontecerá no dia 7 de novembro com as turmas que iniciaram o curso nos dias 24 e 31 de Outubro.
Será uma troca de experiências, onde a timidez será enfrentada em benefício do convencimento.
31/10 e 7/11
Horário: 8:00 as 12:00 horas.

Facilitador do Curso e Organizador: Romenik Queiroz- 81340674/romenikqueiroz@hotmail.com

sábado, outubro 24, 2009

Um Elogio ao Ócio



Um dos grandes problemas vividos hoje se volta para a falta de tempo enfrentada pelo homem, principalmente, devido ao que podemos chamar de "crença nas virtudes do trabalho".

Antes de entrar no mérito acerca dessas virtudes, é necessário dizer que, de modo algum, não trabalhar é o melhor caminho a ser seguido. Muito pelo contrário, o trabalho é necessário para que possamos suprir muitas de nossas necessidades. É com o dinheiro arrecadado que podemos nos alimentar, comprar vestimentas, cuidar da saúde, higiene, etc.

No entanto, é importante distinguir até que ponto o trabalho é realmente necessário e até que ponto o mesmo é apenas feito como forma de se mostrar como um ser competente. Hannah Arendt, na obra "A Condição Humana”, mencionava três atividades fundamentais do ser humano: o labor, o trabalho, a ação. A primeira se trata do processo biológico pela sobrevivência. A segunda se refere ao fazer, criar, um produto por técnica ou arte; no que os gregos chamariam de “poiesis”. A terceira se exerce entre os homens, sem mediação das coisas ou da matéria, ou seja, a própria práxis.

Observa-se hoje a tendência do mundo industrial em transformar toda a atividade em labor. Talvez através de uma estruturação de um sistema de valores que impõem o trabalho como condição essencial de dignidade, talvez com o repúdio ao ócio, sendo este tratado como, na maioria dos casos, o melhor lugar para que se produzam os vícios. Crê-se que o trabalho é bom e, ainda que você de algum modo não precise dele, deve fazê-lo, visto que o mesmo é tratado como sinônimo de honestidade, de integridade moral, de respeitabilidade. Até mesmo na seara criminal, o trabalhador é visto como um homem de bem, com grandes chances a obter os mais diversos benefícios legais que possam lhe garantir uma possibilidade de responder um processo em liberdade.

Pode-se dizer que essa mistificação do trabalho teve um dos seus ápices na reforma protestã, encadeada por Calvino, em que se consideravam salvos aqueles escolhidos por Deus e, para que se pudesse provar ser um escolhido, seria necessário seguir os princípios cristãos e, principalmente, trabalhar muito. Assim, o sucesso no trabalho é um dos sinais de que você foi escolhido para ser salvo.

Porém, sociólogos, como Weber, demonstraram que esse apego exacerbado ao trabalho, em parte, explica o precoce desenvolvimento do capitalismo em lugares onde o Calvinismo foi mais intenso, tais como Holanda e EUA. E, a partir dessa perspectiva, é que o trabalho, aqui tomado no seu sentido econômico, que visa à produção de riqueza, começa a tomar proporções extremamente desfiguradas e, em certa medida, é considerado um valor quase sublime, cujas consequências, dentre outras são as aversões ao não trabalho.

Bertrand Russel, em “O Elogio ao Ócio”, demonstra muito bem como o ócio é, em grande parte, responsável pelas evoluções sociais. Basta fazer uma linha histórica, em que os grandes pensadores vieram da classe ociosa, ainda que esse ócio se deva ao sobretrabalho dos outros.

Tendo-se em vista a disparidade entre o número de pessoas que realmente contribuíram para o progresso social e a quantidade dos que nada fizeram, é o ócio a maneira capaz de proporcionar uma vida em sociedade muito mais leve, já que é muito mais fácil encontrar a felicidade e a realização pessoal no lazer do que propriamente no trabalho. Assim, a não exaustão proveniente do trabalho combinada com uma quantidade de lazer o suficiente podem redirecionar a capacidade criadora do ser humano para a realização “de alguma atividade pública, e [...] não terão a originalidade tolhida e nem a necessidade de se amoldarem aos padrões estabelecidos pelos velhos mestres” (O Elogio ao Ócio. Bertrand Russel. Pág. 35).

Edvaldo Moita

quarta-feira, outubro 14, 2009

Uma querida linha


Resplandecer diante dos fenômenos naturais da vida significa atingir o mais alto cume do sentir. É elevar-se em uma dinamização sentida no respirar ofegante na ausência dos abraços e do fitar dos olhos que castanhos clareiam um coração em chamas. "é transformar um minúsculo" gesto em uma contemplação ELEVADA... Que alcança o embelezar do sorriso que não mais nos pertence. Nos constantes ermos sentidos na fraqueza salgada (lágrimas enamoradas) teus entrelaçados cabelos são os risonhos afagos que mostra que o sonho és real. E nas pálpebras dementes que entregam a ti o meu ser, atiro silenciando o meu chamar-te querer ao solo firmado por teus pés.
Na valsa que entoa e ordena em círculos o bailar que relembra os corpos celestes, és entre mim e ti marcado compasso pelo tempo vil, que carrega com ele um sentimento chamado saudade que delgadamente em si ao passar para mim torna-se pesado; e nessas mortes constantes é ao teu reencontro que revivo e ressuscito. Se se morre de amor... Se vive novamente por ele cada instante quando se ama
(homenagem ao meu maior sentir, amor Natália___)

quarta-feira, outubro 07, 2009

De um verdadeiro Pacificador.


Filhos da terra.

* João Bosco Barbosa Martins

* Ana Emília Baracuhy Cavalcanti


"É preciso permitir que alguém nos ajude, nos apóie, nos dê forças para continuar. Se aceitamos este amor com pureza e humildade, vamos entender que o Amor não é dar ou receber - é participar."

Paulo Coelho, escritor

Vamos continuar o nosso raciocínio a respeito de algumas atitudes que podem melhorar a paz do mundo.

Poderemos começar a praticar a humildade. O que é humildade? Humildade vem do Latim "humus" que significa "filhos da terra".

Temos assim muito que aprender com a humildade. Ela é sinal de sabedoria. Humildade não é sinal de fraqueza ou falta de auto-estima. Humildade é uma certa chave para a transcendência humana. Humildade é a sensibilidade na flor da pele. É aquele estado em você sente que pode ser melhor do que é e que pode esperar mais de si mesmo. A humildade é silenciosa e ativa.

Os psicólogos dizem que essa virtude anda de mãos dadas com a paz interior. Quanto menos nos sentirmos com vontade de provar alguma coisa para alguém, mais fácil será o nosso caminho em busca da paz. Não é fácil praticar esse valor da alma, pois, neste mundo de competição, cada vez mais desejamos mostrar a nossa capacidade para o semelhante. E aí como a gente fica? Um dado importante: quanto mais nos exibimos, mais os outros tendem a nos evitar. É uma prova que pode nos desencorajar para a conduta de contar vantagem. A maneira de aplicar a genuína humildade é a prática. Poderemos começar a resistir à tentação da vontade da vangloriação. Já é um grande caminho a ser seguido.

Para o escritor Raul Franzolin Neto “Não há dúvida alguma de que a característica comportamental do ser humano, a humildade, influi de maneira decisiva nos rumos da vida em sociedade. Desde os tempos mais longínquos de vida na Terra, em que a natureza obrigava o homem a empregar grandes esforços na sua luta pela sobrevivência em um mundo hostil, é de se esperar que a união em harmonia e equilíbrio promova melhores resultados do que a sociedade onde impera a vaidade, o orgulho, o individualismo e a falta de humildade em atos e ações”.

Assevera, ainda, que nos dias modernos, com o avanço científico e tecnológico, onde a transformação de bens materiais brutos em componentes imprescindíveis à vida do homem moderno, cada vez mais a competitividade na geração do trabalho pessoal e coletivo torna-se maior e mais forte, sendo o fator humildade o grande diferencial para o sucesso de um ser que busca ser mais feliz.

Que tal começarmos a aplicar outro importante ensinamento do autor Richard Carlson que diz: "Outra forma excelente de gratidão e Paz interior é gastar um momento, todos os dias, pensando em alguém a quem devemos amar". Poderemos aplicar logo pela manhã essa dica. Façamos a seguinte pergunta: "Quem vou escolher para amar no dia de hoje?" Perceberemos que a imagem de alguém aparecerá em nossa mente! Será o início para focarmos a nossa mente para o amor e paz do mundo.

Que tal também fazermos o seguinte: elogiarmos todo dia pelo menos uma pessoa de nosso convívio por algo que admiramos, gostamos ou apreciamos nela. Esse ato não tira pedaço de ninguém, não exige muito esforço e rende relativas dádivas. É um gesto de caridade e amor. Significa que nossos pensamentos estão de olho no que há de melhor em nossos amigos. E quando a nossa mente está sintonizada em uma direção positiva, logo nossos sentimentos ficam mais pacíficos.

Pé na tábua e vamos refletir juntos sobre essa orientação. A nossa paz de espírito melhorará significativamente e a paz do mundo receberá uma grande contribuição.

* João Bosco Barbosa Martins é Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil. É, também, poeta, ativista pela paz e não-violência, coordenador do Projeto “Fortaleza em Paz” e é membro da Associação Cearense dos Escritores (ACE) e colaborador da Associação de Combate ao Câncer Infanto-Juvenil (Associação Peter Pan).

* Ana Emília Baracuhy Cavalcanti é Auditora-Fiscal da Receita Federal do Brasil, escritora e ativista pela Paz e Não-Violência.


Um abraço João Bosco. Você merece este espaço como humilde símbolo honroso pela sua trajetória de vida imprescindível. Romenik Queiroz.

sexta-feira, setembro 04, 2009

7 de Setembro




7 de Setembro

Dona Madalena desceu do ônibus e logo avistou a multidão. Reparou em diversas alas espontâneas: capoeira, crianças e adolescentes apitando, jovens sorrindo, mulheres conversando... Onde deveria ficar? “Um negócio desses e eu aqui sozinha. Comadre Violeta devia ter vindo. Onde fico, meu Deus?” Reparou nos cartazes. Não sabia ler rápido, mas como as letras eram grandes... Movimento dos Conselhos Populares, Central dos Movimentos Populares “Engraçado, é só trocar as letras de lugar”, Vila Gegê, Movimento dos... Pastoral... As bandeiras se agitavam com o vento e dificultava a leitura de Madalena. Nada. Ela não encontrava nenhum cartaz que lhe dissesse onde ficar. “Melhor ficar aqui, nessa sombrinha”. Começaram a cantar. Pegou uma folhinha... Fez careta para a letra miúda. Pegou dois, três, quatro papéis... Quando olhou a sacola estava cheia... “ Será que esse povo lê tudo isso?” Cantou, cantou e não achou nenhum conhecido.
Depois de cinco ou seis gritos de bom dia! anunciaram, lá do alto de um caminhão, que o momento seria aberto oficialmente pelo seu Osmar, um homem do povo. “E tava fechado? E todo mundo aqui não é povo, não?” O homem simples, maltratado pela vida falou em forma de repente. D. Madalena balançava a cabeça, sorria, só resmungou quando ele disse que pobre não presta. “Que história é essa? Pobre presta sim e muito. Tá certo que tem uns preguiçoso, mas prestar, presta sim”.
Mais música. Palmas. Agora quem fala é o bispo. D. Madalena bate palmas. Também gostou do que ele disse, mas também resmungou ao ouvi-lo dizer que desejava que um dia não existissem mais momentos como aquele. “E como é que acaba com os pobres? Todo dia nasce mais e mais... Será que se acabassem os pobres acabavam os políticos? Por falar neles, não tem nenhum no palanque... Melhor nem pensar nisso, aqui nesse sol...” Mais música. Essa, Madalena conhecia! Tocava muito antigamente: um canto, um lamento de dor. Madalena agora se esforçava para ver o que estavam montando ou desmontando num caminhão ao lado. Era o mapa do Brasil. “Palavras bonitas. Devia ter um telão como passava na televisão. Dava pra ver melhor”.
Começou a caminhada. “Tava na hora”. Madalena vai olhando e andando. “Quanto terreno sem gente. Quem será os dono disso tudo?” O sol forte. Uma mocinha lhe ofereceu água. Madalena agradeceu sorrindo. Olhou para trás e ficou com vontade de ver toda aquela gente lá do alto. “Quantos tão aqui?” Não sabia responder. Uma velha cacique começou a falar sobre o sofrimento do povo dela. Um grupo poderoso está destruindo as terras dos índios e até disseram que não tem índio aqui. “Como é que alguém diz que índio não existe?” Refletia Madalena. “Mulher forte. Nem chorou. Também chorar pra quê? Nem Deus dá mais jeito em nada, mesmo”.
Mais música. Madalena lamentou não ter nenhuma bandeira para levantar. Talvez por isso se aproximou de uma faixa grande que estava sendo carregada por duas moças, um rapazinho e uma freira que dançava para lá e para cá. Madalena segurou e dançou também. Seguiu com eles. Tomou mais água. Comeu uns biscoitos. Teve vontade de perguntar o nome deles, mas ali isso não fazia falta. Parecia que todo mundo já se conhecia. E Madalena dançou, cantou, vaiou todos os ricos que acabavam com o sossego dos pobres e pouco se importou com o sol.
Quando finalmente chegaram ao final da caminhada, Madalena olhou a frase da faixa que ajudara a carregar: Os excluídos nos incomodam porque questionam a nossa capacidade de amar. Madalena leu quatro vezes para decorar. Era uma excluída. Morava num barraquinho velho, mas limpinho. Só tinha um menino que ela criava de 15 anos, que graças a Deus, estava estudando para ser gente e fugir das drogas. Ela lavava roupa e vendia papel. Ela era uma excluída sim. “Mas será que incomodo alguém? Será que todo mundo ali incomodava?” Não sabia responder direito, mas sabia que ali tinha se sentido amada. Ia contar tudinho pra comadre Violeta. “Quem sabe nesses papel não tem o endereço para eu participar sempre”. Madalena pegou o Grande Circular e voltou para casa. Oxalá, no próximo ano ela venha em um ônibus de alguma comunidade.

Rejane Nascimento.
Integrantes do conselho editorial da Premius Editora.

sexta-feira, agosto 07, 2009

Wilmar Silva e Seus Dribles de Letras




Wilmar, se tu fosses um jogador de futebol, serias um garricha,pois, não é normal zombar das palavras com a facilidade de quem leva uma bola, matá-la no peito e quando todos esperam o provável (de fazeres o gol) você dando passes de letras faz do interlocutor um rei pelas suas invenções geniais. E por assemelhar-se com aquele que fugindo do tradicional zombava dos adversários, não vejo obstrução em seus dribles "significantes" só porque pede auxílio às mãos. Logo, ninguém melhor que a estrela solitária no tempo mais artístico que nosso país viveu para refletir o brilho imprescindível de suas ações que deixam tortos os protetores de velhas ordens aprisionantes.
Lotaremos um estádio e compraremos um ingresso para admirarmos o seu futebol. Vai, volta, gira, cruza Wilmar! A nova geração que surge quer vencer o jogo.
Esta mensagem representa uma homenagem do grupo: Por Um Fato Revolucionário. (Romenik Queiroz)